terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Uma raíz gastronómica...no meio da serra

Querido Portugal,

Hoje fomos às origens das origens!

Saindo de Braga, partimos em direção ao coração da serra minhota, em busca de uma casa muito especial – O Sítio da Broa, em Grijó, nas redondezas de Arcos de Valdevez. Aqui tudo muda: o tempo, a estrada, a paisagem. A área protegida de Corno do Bico proporcionou-nos uma vista de cortar a respiração e esta casa esconde-se por entre vales e encostas, nascentes, curvas e árvores intocadas cobertas de musgo invernal!

Rio Vez em Arcos de Valdevez
Tivemos conhecimento deste local de bom comer através da página na internet do projeto Sabores do Minho, e mais do que a comida o que nos atraiu foi a missão e o trabalho que lá se desenvolve. Após dezena e meia de quilómetros percorridos desde terras do rio Vez até à localidade de Grijó tivemos a sorte de encontrar, não sem antes nos julgarmos perdidos, o Sr. Joaquim Carlos Dantas. Infelizmente, e porque nesta zona é quase impossível sermos contactados, não pudemos telefonar antes a reservar almoço. Conclusão, tivemos que alterar os nossos planos e ficar com a barriga a dar horas. No entanto, tivemos a possibilidade de ficar a falar com o criador deste espaço durante uma boa hora.

Estrada para Grijó

O projecto Sabores do Minho nasce da paixão por esta terra, pelas suas gentes e pela consciência de que é importante preservar a diversidade biológica e promover as espécies autóctones, isto é, aquelas que são naturais desta região. Aqui, são preservadas duas variedades vegetais, o milho e o feijão tarrestre, e uma raça bovina - a cachena. Desenvolveram-se trabalhos de selecção e certificação das variedades em conjunto com o Banco Português de Germoplasma Vegetal, e obtiveram-se assim produtos únicos, valorizados pela sua origem, qualidade e autenticidade.

Sr. Joaquim Dantas com 2/3 da equipa Cook'in Portugal
 

O milho colhido é utilizado para produção de pão segundo técnicas tradicionais transmitidas oralmente. Esta broa já foi inclusive catalogada pela Slow Food Foundation o que atesta bem a sua qualidade.
Aqui, as carnes são produzidas localmente com destaque para os bovinos da raça Cachena. Ao consumir estas carnes valoriza-se a raça e contribui-se para o desenvolvimento da comunidade local. Actualmente, esta raça que já esteve em vias de desaparecer, contará com um efectivo de cerca de duas mil cabeças.

Sem se pretender vulgarizar estes produtos, aposta-se na promoção desta diversidade e na criação de um produto turístico diferente dos demais, com uma verdadeira preocupação social e ambiental. Aqui o objetivo não é o de trabalhar para grandes mercados, mas sim o de desenvolver uma oferta adequada à dimensão da região e especificidade dos produtos. Mas a filosofia por trás de tudo é bem mais do que isso.... é pura e simplesmente uma paixão em preservar uma tradição na sua origem e contribuir para a sua divulgação e continuidade. Obrigado por ser como é, por ensinar, acreditar e inspirar Sr. Joaquim Dantas.

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