domingo, 17 de fevereiro de 2013

Em busca das pérolas portuenses…



Sabem aqueles sítios especiais e castiços, completamente fora dos circuitos turísticos e que apenas os locais conhecem? Aqueles que não figuram em nenhum roteiro, página da internet e que em alguns nós mesmo duvidamos que certas autoridades da nossa praça alguma vez tenham passado por lá (ou então há já muito que não abririam as portas)?   
Aquela bifana, isca, petisco ou sandes de pura gula que representam verdadeiras pérolas que adoramos descobrir? Pois bem, nós por cá, fomos à descoberta desses tesouros que também fazem parte da nossa cultura.  
Aproveitando as nossas pausas da tarde e acompanhados pelo nosso guia Arnaldo lá fomos subindo e descendo ruas, atravessando vielas, transportados por sítios desconhecidos…. até ao coração portuense.


Uma entrada estreita e um balcão corrido não são suficientes para albergar toda a gente que procura os “cachorrinhos” da cervejaria Gazela. Garantem-nos que em dias concorridos a fila de clientes sai fora de portas, e que um solitário funcionário permanece no 1º andar do estabelecimento, a cortar meias fatias de queijo todo o dia, todos os dias. Não conseguimos confirmar a informação mas, garantimos que pilhas de queijo cortado nascem naqueles frigoríficos e desaparecem nas ditas sandes em menos de nada. A garantir o serviço, dois eficientes empregados…. um serve, outro cobra – equipa perfeita nº 1. 
Que dizer destes “cachorrinhos”? Simples como nos vem à memória, duas fatias de pão tipo baguete, ligeiramente torradas e entremeadas com salsicha fresca, linguiça e o tal queijo. Pincelado com o tempero da casa o pão é cortado com rapidez e mestria de quem faz isto há muitos anos, em pedaços que se metem à boca de uma só vez. O sabor bem condimentado e ligeiramente picante é guloso e convida a acompanhar com um fino, à moda portuense. É um daqueles petiscos que nos apetece repetir! 







cachorrinhos na cervejaria gazela


A segunda pérola levou-nos até à Praça dos Poveiros (desta vez conseguimos ler a placa, eh eh). Aqui descobrimos as sandes de pernil da Casa Guedes. Tasco popular, aberto a toda a gente. Um tabuleiro na vitrina aquecida onde posava despido do coirato, um pernil inteiro de porco pingando unto. Fez logo lembrar um shoarma de peça inteira, mas ao estilo português.  
Também aqui dois empregados por trás do balcão moviam-se rapidamente. Um alimenta, o outro mata a sede – equipa perfeita nº 2. Por cá, ninguém fica muito tempo à espera para ser atendido! 
A sandes, em bola ligeiramente tostada é recheada sem avareza com finas fatias de pernil humedecidas com o molho do assado. Para os apreciadores há ainda a versão enriquecida com uma grossa fatia de queijo da serra. Uma sandes de assado de se lhe tirar o chapéu. Robusta no sabor, potente no carácter. 




sandes de pernil na casa guedes


O Restaurante Sol e Sombra reservava a terceira pérola das pausas da tarde – a bifana no pão. Muitos dirão que não há bifana que se compare à das Vendas Novas. Certo! Outros, que a melhor é a da Beira-Gare em Lisboa, junto à estação do Rossio.  Correto. Mas é no Porto que estamos, e estas merecem ser provadas! 
À entrada tudo indicava que seria uma boa experiência….. bico do fogão na montra, em lume muito muito brando, onde numa frigideira desgastada pelo uso borbulhava o molho que amacia as febras ao longo de muito tempo. Prova de que nem só na alta cozinha se usa a técnica de cozedura a baixa temperatura. As bifanas recheando generosamente um papo seco, espreitavam-nos pingando o molho no guardanapo. E que pingo! Estas bifanas merecem a oportunidade de serem provadas.  




bifanas picantes no restaurante Sol e Sombra


E pronto, são estas três pérolas que descobrimos e queremos partilhar. Mesmo não se tratando de cozinha tradicional, representam o carácter da nossa cultura e algo que devemos respeitar. 
Desculpem qualquer coisinha neste nosso comentário, mas ser demasiado sério e falar de tascos castiços são coisas que não combinam!

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