Butelo, botelo, bucho ou palaio são os nomes usados para
designar uma espécie de chouriço grosso feito com os ossos da suã e outras
partes menos nobres do porco, tipicamente da raça bísara. Como invólucro do
enchido pode ser usada a bexiga, o bucho ou a tripa.
Butelo não será um nome estranho para alguns, uma vez que,
ainda muito recentemente foi dada alguma cobertura mediática a este prato,
nomeadamente pelos dois jantares de apresentação que decorreram em Lisboa e no
Porto com o objectivo de promover o Festival do Butelo e das Casulas deBragança. Este festival decorrerá de 22 a 24 de Fevereiro e o prato de
destaque – Butelo com casulas poderá ser provado nos restaurantes aderentes.
Esta é a receita que com que nos cruzámos em vários sítios, inclusive no livro “Comeres Bragançanos e Transmontanos” de Armando Fernandes, e que aqui reproduzimos:
“- costelas mendinhas
- um osso de suã de porco
- um rabo de porco
- 1,5 Kg de barbela de porco
- 12 dentes de alho
- 125 gr de pimentão colorau
- água
- sal
Separam-se as costelas e corta-se o osso da suã e o rabo,
tudo aos bocados pequenos. Corta-se também a barbela e tempera-se com os dentes
de alho picados, sal e o colorau. Adiciona-se água suficiente, deixa-se
temperado durante 24 horas e enche-se na bexiga do porco (também se pode encher
no bucho e no intestino grosso). Vai ao fumeiro cerca de vinte dias.
Nota: O butelo deve ser consumido cozido. Coze-se por duas
vezes. Muda-se a água e aproveita-se a segunda água para cozer as batatas e as
carnes. O tempo de cozedura é muito importante. Coze no mínimo 3 horas, uma
hora e meia para a primeira água e o mesmo para a segunda. O butelo constitui
um prato principal, sendo uma tradição no sábado de Carnaval. Servem-se com
casulas: 500 gramas de casulas, batatas.
In Trás-os-Montes, de Maria Odette Cortes Valente”
As casulas aqui mencionadas não são mais que feijão na sua
casca secos e armazenados, e que são, na altura de preparação demolhados e
cozidos.
Estando próximos desta região e tendo uma imensa vontade de
conhecer este prato, reservámos um dia para uma visita a Bragança. Foi-nos sugerido
visitarmos o restaurante D. Roberto, na localidade de Gimonde, arredores de
Bragança. Lá pudemos provar o Butelo com cascas e a Posta à D. Roberto (vitela
maronesa), antecedidos de uma entrada composta por enchidos da região: alheira
e chouriça de Vinhais (indicação geográfica protegida), salsicha e presunto de
porco bísaro, queijo de ovelha curado e pão de Gimonde. Deixamos aqui algumas
fotos dos pratos:
Como sobremesa escolhemos o pudim de castanhas, pudim de
abóbora e papas de milho doces com compotas de abóbora e frutos variados.
Ao vermos as doses servidas, por sinal bem generosas,
julgámos que teríamos sido demasiado optimistas em relação ao nosso apetite. No
entanto, e com o vagar do tempo a refeição fez-se com prazer e no final
revelou-se aconchegante – Ah! Nada como
uma boa caminhada para apreciar a bela paisagem e ajudar à digestão J
Por onde passámos hoje: Lamego - Vila Rea l- Bragança- Gimonde - Vinhas - Lazarim - Lamego
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