sábado, 9 de março de 2013

Portugal gostamos de ti!


Paulo, Ana e Filipa


Fomos colegas e companheiros em 18 meses intensivos de vida nas lides das cozinhas e afins. Os 3 com percursos, vivências e experiências de vida muito distintas, contudo partilhávamos algo-  o gosto pela cozinha!
Ao longo dos meses sempre quisemos desenvolver algo juntos até que um dia, numa hora de almoço rotineira alguém falou numa viagem de finalistas… e o Paulo disse:
- Fixe, fixe era pegarmos nos nossos estojos e irmos bater à porta dos restaurantes para trabalharmos na cozinha e em troca davam-nos comida!

Pois é parece uma piada… mas foi deste modo espontâneo que nasceu a oportunidade de desenvolvermos o Cook'in Portugal juntos! Ao longo dos três meses finais de curso fomos trabalhando e afinando este projecto.. até que chegou o dia da partida!

Partimos sem expectativas, não sabíamos o que esperar nem o que íamos encontrar.

... acção:






PAULO:
E isto foi o princípio de tudo. Uma vontade de fazermos mais, de tomarmos a iniciativa, de mostrarmos que somos capazes de nos movermos atrás do que nos apaixona. E o que nos apaixona é a cozinha… a nossa cozinha. A nossa, de Portugal.
Tudo começa com os ingredientes. A base de tudo. Nesta viagem pudemos conhecer um pouco mais sobre os nossos ingredientes. Uns mais vulgares, outros mais próprios da época e de uma dada região. Muitas vezes conhecer alguns destes produtos permite-nos olhar com mais curiosidade para o que nos rodeia, para o que temos disponível sazonalmente, no mercado, no campo. Há-que saber trabalhar com a sazonalidade, garante-nos diversidade e favorece a sustentabilidade.
Tivemos possibilidade de contactar com conceitos diversos - da cozinha de autor à tasca, dos pratos tradicionais à gastronomia molecular. Em todos eles há uma base comum, o receituário tradicional e técnicas há muito aprendidas e passadas de geração em geração. Com mais ou menos inovação, maior ou menor criatividade no empratamento, no final o mais importante é o sabor dos nossos ingredientes e da nossa cozinha.
O que me levou a embarcar nesta viagem foram não só os ingredientes, os sabores e as tradições, mas também as pessoas. Todas as brigadas de cozinha que dia após dia se esforçam por agradar, emocionar e despertar memórias através da comida. Todas as outras pessoas que trabalham para manter vivos os produtos e as tradições regionais.
Esta é a alma da nossa cozinha. Presente nos ingredientes, nos sabores, nas pessoas.
E isto é o princípio de tudo. Do que acredito, do que está para vir, do que quero fazer… conhecer, preservar, partilhar.




FILIPA:

Ainda ontem nós os três planeávamos a viagem com mais incertezas do que certezas.
Hoje a meta já foi ultrapassada e as incertezas foram dissipadas.

Fui com uma mochila vazia, esperando colocar nela todos os conhecimentos que conseguisse obter, hoje sinto-a pesada. Pesada, mas com espaço e vontade de querer saber mais deste nosso Portugal, que de pequeno não tem nada.

Esta viagem foi um marco importante para o que irá ser a minha carreira, mostrou-me que rumo tomar e sem sombra de dúvida que cozinha portuguesa é o meu grande amor. Esta aventura fez-me sentir orgulho nas minhas raízes alentejanas e algarvias.
Hoje vejo que não poderia começar de outra forma, conheci gentes e saberes que não alcançaria por mais livros que lesse ou aulas que tivesse, não adianta fazer de outra maneira, se não fores ao campo nunca saberás verdadeiramente como se faz e ao que sabe.
Porque há coisas que só aprendes no terreno, e na cozinha especialmente os cinco sentidos irão ser o teu guia: o ver, mexer, cheirar e ouvir são essenciais para evoluíres e fazeres as coisas bem.
As expectativas na partida eram muitas e ao mesmo tempo nenhumas, se é que isto é possível, mas foi verdade. E foi melhor assim, não criar expectativas foi a melhor opção.
Descobri em mim uma pessoa que não sabia que estava cá dentro, sem medos e confiante naquilo que é. No final esta viagem resume-se a uma mochila, que me vai acompanhar a vida toda, dessa mochila retiro e coloco o que de melhor encontrar e farei com isso o melhor que souber.
Portugal merece que valorizemos os nossos produtos e as nossas tradições.

Ser português na barriga, e no coração.




ANA:

A paisagem é uma síntese do modo como o homem se relaciona com a natureza. Quero eu dizer com isto que para percebermos a nossa gastronomia, a sua evolução, aparecimento de determinados produtos que compõe a nossa riqueza gastronómica é importante conhecermos as diferentes regiões e paisagens do nosso Portugal. Só deste modo conseguimos compreender os pratos que identificam determinada região e os porquês por detrás de muitos deles.

Durante a nossa formação escolar aprofundamos sempre mais a gastronomia da nossa região. Contudo enquanto portuguesa e futura profissional do sector considero ser fundamental conhecermos mais fora de portas, fora da nossa zona de conforto e dos saberes e sabores a que fomos acostumados desde a nossa infância. 

Este é um conhecimento que não se aprende na escola ou somente na cozinha. Adquire-se na escola da vida e para tal é necessário irmos ao fundo da questão, procurar mais e isso só depende de nós e daquilo que queremos absorver do mundo que nos rodeia. Sem dúvida que para aprofundarmos várias temáticas desbravámos vários campos. Nada melhor do que irmos ter com que sabe, com quem conhece e com quem opera diariamente neste sectores.. e foi isso que fizemos!  
Partilho muito do que acima já foi referido pelo Paulo e pela Filipa pelo que não vou repetir...

Esta viagem veio no seguimento de uma inquietude que tenho em relação ao que me rodeia enquanto profissional e pessoa e da vontade que tenho em conhecer sempre mais e melhor onde pertenço e para onde vou.


Trago em mim um pouquinho de todos os sítios por onde passei, das pessoas que conheci e trabalhei e a vontade de fazer mais e melhor onde pertenço. Este é um conhecimento que me irá acompanhar toda a vida dentro e fora de portas de uma cozinha! 






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